quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Publico hoje em O CALVINISTA uma análise teorreferente produzida em cumprimento ao requerido por uma das disciplinas do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. 
Trata-se de um trabalho de cosmovisão, de orientação calvinista, sobre o filme "Os Vingadores". Embora extenso, espero que seja tão edificante para quem lê quanto foi para mim ao produzi-la. 


ANÁLISE CRÍTICA TEORREFERENTE DO FILME
“THE AVENGERS”

Por
Davi Emerick de Azevedo


INTRODUÇÃO

Toda produção humana, via de regra, expressa de uma forma ou de outra, a forma como o produtor enxerga o mundo. Isso corre com produções artísticas, literárias, cinematográficas e afins. Não é sem razão que o historiador francês Marc Ferro afirmou que, é perfeitamente possível que o cinema seja usado como instrumento pedagógico, doutrinário ou de propaganda. Assevera que “o cinema é um testemunho singular de seu tempo” [1]. Sendo assim, os filmes são mais do que simples produções cinematográficas de entretenimento; são veículos transmissores de ideias e conceitos. Francis Schaeffer afirmou com muita propriedade que “os conceitos importantes da filosofia entraram cada vez mais em jogo, não como afirmações formais da filosofia, mas antes como meios de expressão por meio da arte, música, romance, poesia, drama e cine­ma - coisas que denominamos anteriormente de cultura geral”[2]. Referindo-se às produções literárias como Náusea de Jean Paul Sartre (1938) e O Es­tranho (1942), A Peste (1947) de Albert Camus e também L 'Inviteé de Simone de Beauvoir (1908-1986) que foram adaptadas para o cinema, Schaeffer diz que “especialmente nos anos 60, as maiores declarações filosóficas às quais se davam mais ouvidos foram veiculadas por filmes. Filmes filosóficos como estes atingiam muito mais pessoas do que os escritos filosóficos ou até a pintura e literatura” [3].
Com isso, entendemos que os filmes não são produções culturais neutras. Pelo contrário, promovem aspirações, desejos ou geram insatisfações. O holandês Henderik Roelof "Hans" Rookmaaker entendeu isso muito bem quando, discorrendo sobre o papel da arte na sociedade afirmou que, “a arte também pode dar forma ao nosso descontentamento, nosso desconforto em relação a certos fenômenos. Ela pode dar forma ao protesto”.[4] E nisto, os filmes são ferramentas poderosas. Nosso desafio consiste, então, em entender as visões de mundo apresentadas nos filmes e como elas influenciam e refletem os valores da sociedade.
Esta é uma análise teorreferente do filme “The Avengers” (Os Vingadores). Entendendo que o coração do homem, crente ou descrente, é profundamente religioso, e que, ou ele se rende ao Criador e sua produção artística proclama a sua glória, ou ele se rende aos seus próprios ídolos, dirigindo suas produções culturais para longe de Deus e dos princípios absolutos das Escrituras, nosso objetivo é identificar os conceitos comunicados pelo filme à luz das Escrituras sob o prisma de uma cosmovisão legitimamente reformada.

I.          DESCRIÇÃO PANORÂMICA

“AVENGERS, THE” (Os Vingadores). Direção: Joss Whedon. Produção: Kevin Feige. Roteiro: Joss Whedon e Zak Penn. Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Scarlett Johansson, Chris Hemsworth, Samuel L. Jackson, Jeremy Renner, Mark Ruffalo, Tom Hiddleston, Paul Bettany, Stellan Skarsgård, Clark Gregg, Lou Ferrigno, Jenny Agutter. Gênero:  Ação. Classificação etária: 12 anos. Duração: 135min. EUA: Marvel Comics & Walt Disney Pictures, 2012. 1 DVD.

The Avengers” é mais uma das grandes produções cinematográficas dos estúdios Marvel Comics e distribuído pela Walt Disney Pictures. Foi anunciado em 2005 e fez parte do chamado “Marvel Cinematic Universe” que uniu outras produções da Marvel Comics e cruzou filmes de super-heróis da editora, como Homem de Ferro (2008), O Incrível Hulk (2008), O Homem de Ferro 2 (2010), Thor (2011) e Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), além de agregar outros personagens dos quadrinhos criados por Stan Lee e Jack Kirby. 
A saga foi dirigida por Joss Whedon, produzida por Kevin Feige e estrelada por Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Jeremy Renner, Chris Hemsworth, Scarlett Johanson e Chris Evans no elenco original.
A estreia mundial ocorreu em 04 de maio de 2012, nos Estados Unidos da América, e no Brasil o filme foi lançado em 27 de abril do mesmo ano. Acabou se tornando a terceira maior bilheteria de todos os tempos, sendo orçado em 220 milhões de dólares, arrecadou mais de 1,5 bilhão de dólares.

1.1 Clima intelectual, social ou histórico.

O momento vivido pelo cinema é desesperador como nunca foi antes na história[5]. Trata-se de um momento de crítico, pois ninguém sabe precisar para onde o cinema, a TV e a literatura estão se conduzindo. A preocupação é decorrente de índice de atenção cada vez menores, oferta de conteúdo gigantesca, necessidade de produtos gratuitos, e a pirataria que concorre com o mercado. As variáveis são muitas e a instabilidade se torna inevitável. Uma alternativa em faze dessa situação é a oferta de projetores 3D tão poderosos que não se sabe onde acaba o filme e começa o ambiente real e até mesmo hologramas com sensor de movimento, transmissão ao vivo e reconhecimento de voz são oferecidos aos consumidores da indústria cinematográfica.
Uma segunda alternativa para o momento vivido, é a busca por saber o que agrada à massa a fim de sustentar a indústria durante essa transição traumática. É aí que “The Avengers” se encaixa nisso tudo. Quadrinhos e filmes de nicho tem o maior potencial para unir gerações, garantir resultados e, de certa forma, ser um porto seguro durante a tempestade. E é exatamente isso que a Marvel fez sob o comando de Kevin Feige, presidente de produção da Marvel Studios. Gostem os fãs de quadrinhos, ou não, a verdadeira estratégia por trás disso tudo é a construção de um novo público.
Remanescentes da Golden Age[6], jovens dos anos 80, mulheres, crianças, espectadores casuais, todos optam pela aventura de Joss Whedon. E como poderiam resistir? Mesmo quem nunca se habitou à leitura de quadrinhos na vida, mas vai ao cinema ou assiste TV, já ouviu falar no Homem de Ferro, no Hulk, em Thor e, claro, no Capitão América.
Os produtores parecem ter entendido a necessidade da sociedade moderna: divertir, homenagear o passado, e permitir o sonho por um futuro interessante. Dessa forma, “The Avengers” oferece um cardápio que agrada à massa.

1.2 Autores e Roteiristas

1.2.1 Joss Whedon

O autor da trama, o americano John Whedon nasceu em New York em 1964. É filho e neto de roteiristas de sitcoms[7]. Um de seus primeiros empregos foi no extremamente bem-sucedido sitcom Roseanne, no qual desenvolveu sua marcante veia cômica. Desde então, ele já trabalhou em roteiros de 'Toy Story' (1995), 'Alien: Resurrection', 'X-Men' e 'Speed'.
A alta qualidade narrativa, a dinâmica de ação, a profundidade emocional e os geniais diálogos são marcas registradas de Whedon. Pouco se sabe sobre sua formação cultural e religiosa. Graduou-se na Wesleyan University, em 1987, mas antes passou dois anos no Winchester College, na Inglaterra. Frequentou a Riverdale Country School, em New York, onde sua mãe lecionava História. Tudo indica que não possui uma procedência religiosa e declara-se um ateu: “Eu sou um ávido, raivoso ateu. Porém, sou fascinado pelo conceito de devoção” [8].
Um pensamento seu revela seu modo de viver e trabalhar: “Não dê o que as pessoas querem, dê o que elas precisam. Elas querem o caminho fácil, o final feliz, mas na verdade estão mais interessadas na tragédia” [9]. Alhures, diz: “Eu não crio coisas que as pessoas simplesmente gostem, só crio coisas que elas amam. Eu escrevo objetivando aquele momento em que você fala 'Deus, eu precisava ver isto” [10].

1.2.2 Stan Lee

Stanley Martin Lieber nasceu em Manhattan, na cidade de New York,  Estados Unidos, no dia 28 de dezembro de 1922, filho do casal Jack e Celia Lieber, ambos judeus imigrantes da Romênia. Parece-nos que Stan Lee professou a religião judaica, assim como seus pais[11]. Ao lado de Jack Kirby, criou a série “Os Vingadores” em 1963.
 A família de Lee era relativamente pobre, tendo ele morado boa parte da infância e da adolescência em um "quarto-e-sala" na região do Bronx, na periferia de Nova York, em que ele e o irmão dividiam o diminuto e único quarto do apartamento e os pais dormiam em um sofá-cama na sala. Durante a adolescência, Lee estudou na DeWitt Clinton High School, também localizado no Bronx.
Teve contato desde cedo com o mundo dos quadrinhos. Ainda na adolescência, Lee trabalhou para os publicadores Martin Goodman na Timely Comics, que mais tarde se tornaria a Marvel Comics. Goodman era casado com a prima de Lee. Tendo servido ao exército durante a Segunda Guerra Mundial, com experiência no campo de batalha, ao retornar voltou para a sua antiga ocupação. Seu sucesso foi fundamental para transformar a Marvel Comics, de uma pequena editora de HQs (Histórias em Quadrinho), para uma das maiores corporações multimídia de entretenimento do mundo. Alguns de seus personagens carregam muito de sua formação cultural e, particularmente o Homem Aranha, representa muita a personalidade de Stan Lee.

1.2.3 Jack Kirby

Jack Kirby (28 de agosto de 1917 - 6 de fevereiro de 1994) foi um dos mais influentes, reconhecidos e prolíficos artistas de história em quadrinhos de todos os tempos. Seu nome verdadeiro é Jacob Kurtzberg, nascido na cidade de New York, teve suas origens fincadas no judaísmo[12].

Talvez a carreira e a colaboração de Kirby para o mundo dos quadrinhos sejam ainda mais profícuas que do próprio Stan Lee. Contudo com menos projeção. Kirby é sempre lembrado como o companheiro de Stan Lee.
Kirby começou a trabalhar para os Estúdios Fleischer em 1935, onde fazia as sequências para o desenho "Popeye". Ele então se juntou ao Lincoln Newspaper Syndicate em 1936, trabalhando ali até que falissem em 1938.
A pedido do diretor Martin Goodman e do editor, diretor de arte e escritor Stan Lee, Kirby passou na Marvel Comics produzindo quadrinhos de super-heróis a partir de 1961. Teve participação na criação de praticamente todos os personagens da Marvel nos anos seguintes. Entre eles se destacam os personagens e conceitos de "Fantastic Four" (Quarteto Fantástico), Thor, Hulk, "Iron Man" (Homem de Ferro), os X-Men, "Silver Surfer" (Surfista Prateado), "The Avengers" (Os Vingadores), "Doctor Doom" (Doutor Destino), "Galactus", "Magneto", "Inhumans" (Inumanos) e sua cidade perdida de "Attilan", "Black Panther" (Pantera Negra) e a nação africana de "Wakanda".

1.3 Momentos Específicos da Obra.

Antes de apresentarmos alguns momentos específicos, se faz oportuno descrever os protagonistas da trama a fim de entendermos melhor o enredo.

1.3.1 Elenco

O Homem de Ferro teve a honra de inaugurar o Universo Marvel do Cinema e seu primeiro filme, de 2008, foi um dos maiores sucessos da casa até agora. No final do filme, Tony Stark (Robert Downey Jr.) revela à imprensa que é o Homem de Ferro e, em seguida, recebe uma visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson) que diz ser o Diretor da SHIELD e quer falar sobre a Iniciativa Vingadores.
Homem de Ferro 2 trouxe a Viúva Negra (Scarlet Johansson) e deixou implícita uma ligação de seu pai com o Capitão América. No final, o Agente Coulson da SHIELD (Clark Gregg) encontra o martelo de Thor no deserto.
Thor, de 2011, faz uma ligação com Capitão América – O Primeiro Vingador, que por sua vez traz Howard Stark, o pai de Tony Stark, como um dos personagens principais e realmente envolvido no surgimento do super soldado da Marvel.
Agora, todas as peças irão se unir em Os Vingadores. Cada “vingador” é definido por traços claros e unidimensionais:
  
      i. Steve Rogers/Capitão América

Interpretado por Chris Evans. Na sequencia de aparecimento, é o terceiro em “The Avengers”. Capitão América, é um alterego de Steve Rogers, um ex-soldado que preza a hierarquia e tende a seguir as ordens dos superiores.  Foi criado por Joe Simon e Jack Kirby, apareceu pela primeira vez em Captain America Comics #1 (Março de 1941).
Aceitou ser voluntário em uma série de experiências que visam criar o super soldado americano. Os militares conseguem transformá-lo em uma arma humana, mas logo percebem que o super soldado é valioso demais para pôr em risco na luta contra os nazistas. Desta forma, Rogers é usado como uma celebridade do exército, marcando presença em paradas realizadas pela Europa no intuito de levantar a estima dos combatentes. Para tanto passa a usar uma vestimenta com as cores da bandeira dos Estados Unidos, azul, branca e vermelha. Só que um plano nazista faz com que Rogers entre em ação e assuma a alcunha de Capitão América, usando seus dons para combatê-los em plenas trincheiras da guerra [13].
Apesar da aparência jovial, em “The Avengers” Rogers é um homem de outro tempo antigo. Dormiu por sete décadas depois que caiu no Ártico após vencer o Caveira Vermelha (Red Skull, como é chamado nos quadrinhos) [14]. Johann Schmidt, ou Caveira Vermelha, é um braço forte do nazismo de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
O Capitão América foi o maior de uma onda de super-heróis que surgiram sob a bandeira do patriotismo norte-americano e que foram apresentados ao mundo pelas companhias de Histórias em Quadrinhos, durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Ao lado de seu parceiro Bucky, o Capitão América enfrentou as hordas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, mas caiu na obscuridade após o fim do conflito.
Capitão América é uma expressão do nacionalismo patriota americano na busca de sai afirmação como o mais poderoso e imponente país do mundo.

    ii. Tony Stark/Homem de Ferro

Interpretado por Robert Downey Jr. Foi o inaugurador do Universo Marvel do Cinema com seu primeiro filme, de 2008, um dos maiores sucessos da casa até agora. É o quarto de seis vingadores a aparecer na película. É irreverente, dono de um humor sarcástico faz piada com os demais vingadores e com as situações mais adversas. Também é dono de uma inteligência ímpar. Define a si mesmo como “gênio, milionário, playboy e filantropo”. É herdeiro e presidente das "Indústrias Stark", uma companhia que fabrica armamentos militares. Stark é um cientista e empresário genial, formado com Ph.D. em física e engenharia elétrica pelo MIT[15]. Nunca faltou dinheiro para seus projetos, pois herdou a fortuna e os empreendimentos de seu pai aos 21 anos, quando este faleceu em um acidente. Dada a sua juventude, criou para si um estilo playboy bilionário. Essas características foram inspiradas no milionário americano da vida real, Howard Hughes[16].
Stan Lee, o criador do super herói, nunca escondeu que a inspiração para a criação de Tony Stark foi o excêntrico milionário e inventor Howard Hughes que, na vida real, ficou rico pelo próprio esforço e saiu por aí vivendo uma vida de excessos, namorando atrizes de Hollywood, inventando aviões especiais e armas para o exército norte americano, além de ser completamente maluco em sua vida pessoal. Exceto a última parte, todo o resto foi usado por Lee (e Larry Lieber) para compor o personagem Tony Stark.
Em uma cena pós-créditos do filme de 2008, Stark é visitado pelo diretor da S.H.I.E.L.D., Nick Fury, que informa a Stark que "ele não é o único super-herói no mundo", e diz que gostaria de falar sobre a "Iniciativa Vingadores".

  iii. Bruce Banner/Hulk

Interpretado por Mark Ruffalo. É o segundo na ordem dos aparecimentos. Bruce Banner, dono de uma inteligência brilhante, é o homem da ciência, que vive em um laboratório. Banner é um perito em radiação gama. Imortal, já tentou o suicídio com uma bala na boca.
Quando Banner se irrita, se transforma no destruidor e indestrutível Hulk, ou como gosta de dizer “o outro cara”, responsável pelas cenas mais bem humoradas da película.
Em uma entrevista, Stan Lee disse que ambos criadores se inspiraram fortemente no clássico livro de Robert Louis Stevenson, The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde (em português, O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Sr. Hyde ou, também, O Médico e o Monstro) e no personagem Frankenstein, criado pela escritora britânica Mary Shelley.
Domiciliado na Índia, é atraído pela Viúva Negra que o procura em nome da S.H.I.E.L.D. para encontrar o Tesseract.

  iv. Thor

Interpretado por Chris Hemsworth. É o último a aparecer. Aparece para resgatar Loki, seu irmão que é o vilão nesta película. O poderoso Thor, o Deus do Trovão, é um herói da Marvel Comics inspirado na divindade de mesmo nome da mitologia nórdica. O personagem foi criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby em 1962[17].
Não é a primeira vez que “visita a Terra”. Em Thor (2011), esteve exilado de Asgard no planeta dos humanos. Estava prestes a receber o comando de Asgard das mãos de seu pai Odin quando forças inimigas quebraram um acordo de paz. Disposto a se vingar do ocorrido, o jovem guerreiro desobedece às ordens do rei e quase dá início a uma nova guerra entre os reinos. Enfurecido com a atitude do filho e herdeiro, Odin retira seus poderes e o expulsa para a Terra. A aventura épica se estende da Terra nos dias de hoje ao reino de Asgard. No centro da história está o Poderoso Thor, um poderoso, mas arrogante guerreiro cujas ações intempestivas despertam uma guerra antiga. Como castigo, Thor é enviado à Terra e forçado a viver entre os mortais. Uma vez aqui, ele aprende o que significa ser um verdadeiro herói, depois que o vilão mais poderoso de seu mundo envia as forças negras de Asgard para invadir a Terra [18]. Passou, desde então, a ser um protetor deste planeta.

    v. Natasha Romanoff/Viúva Negra

Interpretada por Scarlett Johansson. A reunião dos Vingadores tem início com o aparecimento da Viúva Negra que luta muitíssimo bem em uma roupa colante. Na versão original era uma superespiã soviética inimiga do Homem de Ferro, mas na reunião dos vingadores é uma aliada da liga do bem.
Seu nome verdadeiro é Natasha Romanoff, também chamada de Natalia Romanova, Natasha Romanova ou Natalie Rushman. É apaixonada pelo Agente Barton (Gavião Arqueiro) e tenta negociar com Loki que o liberte da influencia maligna a que foi submetido. Com uma forte pancada em Barton, consegue libertá-lo e o torna um dos vingadores.

  vi. Clint Barton/Gavião Arqueiro

Interpretado por Jeremy Renner. Enviado pra matar a Viúva Negra (nos quadrinhos) acabou tendo um romance com ela. É um agente da SHIELD que teve sua mente controlada por Loki a fim de cumprir seus projetos quanto ao roubo e preparo do Tesseract com vistas à invasão alienígena. Tem uma participação discreta. Dentre os seis personagens chamados de “Os Vingadores”, é o que tem a participação mais tímida, quase não aparecendo.

vii. Nick Fury

Interpretado por Samuel L. Jackson. O Coronel Nicholas Joseph "Nick" Fury é um personagem ficcional das histórias em quadrinhos do Universo Marvel, publicadas pela Marvel Comics. Criado por Stan Lee e Jack Kirby, Fury fez sua primeira aparição em Maio de 1963 na primeira edição da publicação "Sgt. Fury and his Howling Commandos".
Herói de guerra do exército americano durante a Segunda Guerra Mundial e atual superespião e agente de elite da S.H.I.E.L.D., Nick Fury é um dos personagens mais influentes do Universo Marvel. Surgindo como um fumante de charutos, líder de uma unidade de elite do exército norte-americano (o Comando Selvagem), Fury conseguiu ascender ao posto de Comandante Geral da S.H.I.E.L.D., subordinado diretamente ao presidente dos Estados Unidos da América.
O personagem se transformou em um tipo de espião no estilo James Bond, sendo o agente líder da agência de espionagem ficcional S.H.I.E.L.D. Embora não seja um protagonista em “The Avengers”, contudo desempenhando um papel coadjuvante crucial na trama, Nick Fury é um personagem emblemático. Como dito anteriormente, as produções humanas artísticas, literárias, cinematográficas, enfim, são poderosos veículos transmissores de ideias e conceitos. E os personagens do mundo “imaginário” possuem personalidades, ideais, e até mesmo uma religião.
Nick Fury é um desses personagens religiosos[19]. Na verdade, ele é “não-religioso”! Não acredita em qualquer divindade e entra em conflito com Thor constantemente (nos quadrinhos) demonstrando constante incredulidade no deus do trovão. Segue abaixo a transcrição de um trecho relevante de um diálogo entre Nick Fury e Thor manifestando seus conceitos hostis relativos à divindade:

Fury largou a caneta. “Tudo bem”, ele disse com os olhos fechados. “Eu entendo. Se eu tiver que levantar a minha mão direita e jurar que eu acredito que você é o deus nórdico do trovão apenas para você sair, eu vou fazer isso”. Ele ergueu a mão direita, olhando para a mesa. Dez segundos mais tarde, olhou para cima. “Você não vai embora”.
“Você não é muito convincente”, respondeu Thor.
“Nem você, senhor filho de Odin, ou Wotan[20], ou o que nós deveríamos chamá-lo. Eu não acredito em deuses; em nenhum deles. E mesmo que você traga o próprio Jesus Cristo atravessando o Upper Bay do Battery Park[21] até aqui, nada vai mudar (...)” [22].

Fury é o idealizador da “Iniciativa Vingadores” e busca incansavelmente reunir os super-heróis na luta contra o mal.

viii. Loki

Interpretado por Tom Hiddleston. É considerado um símbolo da maldade, traiçoeiro, de pouca confiança; e, embora suas artimanhas geralmente causem problemas em curto prazo aos deuses, estes frequentemente se beneficiam, no fim, das travessuras de Loki. Ele está entre as figuras mais complexas da mitologia nórdica.
É irmão do Thor, sendo também um deus nórdico exilado que usa suas habilidades para controlar as mentes de alguns agentes da S.H.I.E.L.D.: o agente Clint Barton (Jeremy Renner), e o consultor físico Dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgard), a fim de que eles o ajudassem em sua fuga. Almeja mais que tudo dominar a Terra, e para isso contará com a colaboração dos Chitauri, uma raça alienígena. Mas para este fim, precisa acima de tudo do Tesseract que é raptado por ele logo no início do filme.
Possui uma cosmovisão interessante: proclama a liberdade da liberdade. Diz que a “liberdade é a maior mentira da vida”. Busca desesperadamente o poder e ser lembrado pelo poder.  

  ix. Maria Hill

Interpretado por Cobie Smulders. É uma personagem do universo Marvel criada por Brian Michael Bendis e David Finch. Maria Hill era apenas uma simples operante, mas que vinha sendo vista com outros olhos pelo governo, sempre apontada como uma ótima agente. Sua participação em “The Avengers” é extremamente discreta.

    x. Agente Coulson

Interpretado por Clark Gregg, Phillip “Phil” Coulson é um agente da S.H.I.E.L.D., colaborador de Nick Fury. Apareceu pela primeira vez em Homem de Ferro (2008) como um membro da fictícia agencia liderada por Fury[23]. Insiste perseverantemente convencer Stark a participar da Iniciativa Vingadores.
É morto por Loki. Antes morrer diz a ao seu algoz: “Você vai perder. É da sua natureza isso. Falta-te convicção”. É tido por Fury como seu “olho bom”.

  xi. Pepper Potts

Interpretado por Gwyneth PaltrowÉ a mulher com quem Tony Stark mantém um romance na trama.

xii. Dr. Erik Selvig.

Interpretado por Stellan SkarsgårdUm consultor físico da S.H.I.E.L.D. que, assim como Clint Barton, teve sua mente controlada por Loki, sendo transformado em agente do maltendo sua consciência recuperada apenas no final do filme.

1.3.2 S.H.I.E.L.D.

S.H.I.E.L.D. (Divisão de Intervenção Internacional Estratégica de Espionagem e Aplicação da Lei) é uma organização fictícia do Universo Marvel, com objetivo de realizar a contraespionagem e manutenção da lei. Fundada pela ONU e financiada pelas potências da OTAN, tem a função de proteger todo o planeta de ameaças de grande porte, desde terrorismo internacional até invasões alienígenas.
Criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1966, o acrônimo originalmente significava Supreme Headquarters of International Espionage and Law-Enforcement Division (traduzido, em notas de rodapé, como "Quartel-general Supremo de Espionagem Internacional e Divisão de Execução da Lei)". É uma super organização, muito mais forte e importante do que qualquer outra (CIA, NSA, CTU, etc). Com uma mega base invisível e flutuante liderada por Nick Fury ela cuida dos interesses dos EUA e do mundo. E ainda monitora os heróis (em especial Os Vingadores) em suas missões[24].
A SHIELD usa Tesseract para produzir armas de destruição em massa (de acordo com Fury, por causa do Thor).

1.3.3 TESSERACT

O Tesseract é um objeto cúbico místico altamente radioativo que libera raios gama (γ). Com energia espacial sustentável ilimitada, havia sido descoberto ao fim de Capitão América. Possui capacidade energética incalculável com alto poder de destruição.
Só pode ser contido e controlado pelo iridium, elemento que forma anti-prótons estabilizando a energia do Tesseract. O iridium só é encontrado em meteoritos, sendo, portanto, muito difícil de ser adquirido. Loki encontra e rapta uma amostra na Alemanha a fim de abrir um portal que dá acesso ao “outro lado do espaço” para servir de entrada dos Chitauri no planeta Terra. Quando raptado por Loki, dá inicio à guerra.

II TEMAS E COSMOVISÃO

Ocupar-nos-emos agora de identificar as principais cosmovisões contidas em “The Avengers”. Vejamos.

2.1 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA OBRA

Nosso próximo desafio na presente análise é identificar os elementos estruturais no enredo de “The Avengers”. Para nosso auxílio, recorremos ao roteirista e escritor Brian Godawa que afirma existir em todos os filmes os seguintes elementos: 1) tema; 2) herói; 3) objetivo do herói; 4) adversário; 5) falhas de caráter; 6) derrota aparente; 7) confronto final; 8) auto revelação; e 9) a resolução do conflito.
O tema do filme é o primeiro elemento que serve de propósito ou a moral da história, encarnado na trama.[25] Partindo dessa definição, pode-se perceber que o tema de “The Avengers” é a ideia do constante conflito entre as forças do bem e do mal, o que é comum em todos os filmes de super heróis. “The Avengers” não é uma exceção às produções do gênero que tratam da constante batalha no planeta dos humanos que envolve deuses, super heróis e pessoas comuns.
Não temos em nesta produção um herói, mas vários. Cada um com suas particularidades, personalidades diferentes, que há anos tem encantando os fãs do universo dos quadrinhos. Fazem parte do elenco de protagonistas: Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e Thor. Dada a natureza da maioria das obras de ficção, o protagonista é geralmente um herói ou ao menos uma pessoa relativamente boa[26].
Embora sejam vários heróis, o objetivo deles é um só: vencer o adversário e evitar que a Terra seja dominada por forças alienígenas – os Chitauri. O adversário nesta produção é um conhecido vilão, Loki de Asgard, que possui um grande senso de estratégia e usa suas habilidades para seus interesses, envolvendo intriga e mentiras complexas.
Aparentemente não há falhas graves de caráter nos seis vingadores que protagonizam “The Avengers”, senão que, o Gavião Arqueiro, que é dominado no inicio do filme, serve aos propósitos malévolos de Loki juntamente com o Dr. Selvig. O Hulk também é uma aparente ameaça ao grupo e em dado momento trava uma batalha corporal com a Viúva Negra. Contudo, não chega a ser uma ameaça interna como propõe Godawa sobre a falha de caráter do personagem.
Há uma derrota aparente quando o Tesseract abre o portal por onde os Chitauri invadem a Terra. São números e detentores de uma artilharia pesada. Possuem máquinas e armas tecnológicas com alto poder destrutivo. São mais números que os seis vingadores, e colocam a segurança dos terráqueos em perigo. Esse elemento é comum em todas as produções e, ainda mais evidente em filmes do gênero de “The Avengers”.
O confronto final é apoteótico. Com a chegada de Bruce Banner numa motocicleta velha e barulhenta, os vingadores retomam a confiança, são fortalecidos e, com a fúria e o poder do Hulk e a habilidade e tecnologia dos demais, conseguem dominar os Chitauri. O momento da auto revelação é explícito nesta obra. Consiste naquele instante em que o Capitão América e a Viúva Negra percebem que, a menos que o portal seja fechado, os Chitauri não seriam destruídos. A Viúva Negra toma a iniciativa de fechá-lo, mas quem se entrega (e com sucesso) a este propósito não é ninguém menos que o Homem de Ferro, numa missão suicida, levando pessoalmente um poderoso míssil que adentra a outra dimensão através do portal e destrói a nave mãe dos Chitauri. Os Vingadores venceram! A “Iniciativa Vingadores” foi um sucesso!

2.2 ANÁLISE DAS COSMOVISÕES

Filmes não são produções culturais neutras ou destituídas de qualquer mensagem filosófica. Introduzindo seu ponto de vista em uma de suas obras, Francis Schaeffer diz que “assim como pensa, assim um homem é”. Schaeffer continua afirmando que, “tendo pensamentos, uma pessoa pode agir no mundo exterior, exercendo influência sobre ele, afinal, o mundo interior dos pensamentos que determina a ação externa” [27].
Brian Godawa diz sobre o cinema que “toda história é baseada em uma determinada visão de mundo. O mesmo acontece com os filmes, pois são baseados em uma história e, portanto, também apresentam uma visão de mundo”. [28]
A seguir, apresentamos algumas cosmovisões identificadas em “The Avengers”. Neste filme não há uma única cosmovisão, porém, traços de várias visões de mundo que transmitem valores culturais apóstatas (ou seja, se rende aos próprios ídolos do homem e não a Deus). Vejamos:

2.2.1 Dualismo (Bem vs Mal)

Walsh e Middleton definem dualismo como “uma cosmovisão dividida (que) separa a realidade em duas categorias fundamentalmente distintas: santa e profana, sagrada e secular” [29]. Os dualistas seculares compreendem a existência como uma oposição entre formas distintas, ou seja, entre o bem e o mal, o consciente e o inconsciente, luz e trevas, matéria e espírito, alma e corpo, entre outras, as quais não podem ser reduzidas umas às outras.
A ideia de um dualismo existente aparece na filosofia ocidental já nos escritos de Platão e Aristóteles. Todavia, a expressão foi pioneiramente utilizada por Thomas Hyde, no ano de 1700, no seu livro Veterum Persarum et Parthorum et Medorum Religionis Historia[30], um texto sobre a religiosidade do povo persa, por ele designada de dualista, pois seus protagonistas eram duas entidades sagradas opostas, Ormuz, símbolo da luz, e Arimã, ícone das trevas. Tratava-se de um embate entre o bem e o mal, constituindo assim uma forma de maniqueísmo.
Os maniqueístas são proponentes de uma filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal.
Essa forma de dualismo é muito difundida na parte oriental do planeta. Na China, através do taoísmo, afirma-se que o Yin e o Yang são forças complementares e opostas responsáveis pela existência de todas as formas de vida. Yin significa escuridão, e é representado pelo lado pintado de preto, e yang é a claridade. Segundo os chineses, o mundo é composto por forças opostas, e achar o equilíbrio entre elas é essencial.
Contudo, essa forma de pensamento é comumente encontrada nas variadas manifestações artísticas produzidas na parte ocidental do planeta. A indústria cinematográfica tem divulgado em ampla escala essa forma de combate entre duas forças opostas. Em principio, o mal parece prevalecer até que o bem, quase derrotado, ressurgindo das cinzas como uma Fênix, apoteoticamente vence o mal. Não consigo imaginar um filme do gênero de “The Avengers” que não pregue um dualismo, afinal, onde há um herói, deve haver um vilão, e um vilão deve necessariamente ser mal.
Em “The Avengers”, o mal é personificado em Loki e de forma coadjuvante no Chitauri que invadem o planeta Terra espalhando destruição. A batalha é voraz perdura ao longo da obra até que o mal é vencido pelos super heróis em nome do bem.
Como profundo admirador e defensor da cosmovisão reformada, devo concordar com Henry R. Van Til que proclamou: “O Calvinismo rejeita, também, a ideia de um dualismo eterno, a saber, entre Deus e Satanás, Espírito e Matéria, Ser e Não-Ser ou entre dois princípios, um bom e outro mau” [31]. Entendemos que a antítese bem vs mal não é orientada biblicamente, senão uma construção filosófica.
O mal é algo a ser vencido majestosamente e, não o bem, mas o poderoso Deus, haverá de vencê-lo. Afirmar que Deus está em constante conflito com o mal seria torná-lo um Deus enfraquecido, não muito diferente do deus Loki. A cena é inesquecível:
- “Já chega! Vocês são todos inferiores a mim. Eu sou um deus, criatura ridícula. E não serei parado por um...”.
Depois chacoalhar Loki projetando-o contra o chão, numa das cenas mais cômicas do filme, Hulk responde:
- “Deus fraco!”.
O Deus das Escrituras, o único verdadeiro não um Deus fraco que mede forças contra alguém ou alguma coisa. Ele mesmo se apresenta como o El-Shaddai, ou Deus Todo-Poderoso (Gn 17.1,2). O Dr. Heber Campos em seu livro “O Ser de Deus e Seus Atributos” afirma: “Não se sabe a derivação desse nome, mas ele enfatiza as qualidades básicas da divindade, que são majestade e poder. De qualquer modo, é corrente a ideia de que esse nome mostra o poder absoluto de Deus, que permanece no alto corrigindo e castigando as nações e salvando seu povo (Gn 17.1; 28.3; 35.11; Sl 91.1,2)” [32].

2.2.2 Cientificismo

Uma das cosmovisões de “The Avengers” é aquela conhecida como cientificismo. Cientificismo é o nome dado ao método científico de Francis Bacon. Quando escreveu Novum Organum, no início do século XVII, Bacon explicou que: “Na queda, o homem caiu, ao mesmo tempo, de seu estado de inocência e de seu domínio sobre a criação. Contudo, ambas as perdas podem ser corrigidas em parte, mesmo nesta vida; a primeira pela religião e a fé, a última pelas artes e ciências” [33]. Bacon acreditava mesmo que o domínio sobre a natureza competia às mãos humanas.
Não é sem razão então que, para combater as forças do mal, os vingadores contam com conhecimento científico. Na verdade, entre os heróis do filme, dois são peritos científicos: Tony Stark e Bruce Banner. O primeiro presidente de uma poderosa indústria bélica, possuidor de uma singular armadura, produto daquilo que de melhor a ciência pode oferecer. O segundo, Banner, se ocupa de pesquisas laboratoriais.  
Walsh e Middleton apregoam que o cientificismo é o primeiro absoluto em nossa religião moderna, afinal, “qualquer ação que leve a um controle maior sobre a natureza é benéfica” [34]. É através desse conhecimento que os vingadores buscam resgatar o Tesseract e dominar as forças do mal.

2.2.3 Tecnicismo

Aliado ao cientificismo temos também o tecnicismo, que “traduz a descoberta científica em poder humano” [35]. Em face de uma iminente invasão e domínio de forças do mal, a tecnologia é uma força aliada. Walsh & Middleton asseveram que “identificamos nações como modernas somente se a ciência e a tecnologia tiverem um papel de liderança em seu desenvolvimento contínuo”.
Tudo isso justifica um cenário extremamente “evoluído”. Armas poderosíssimas, aeronaves e plataformas com tecnologia de ponta, armaduras que desempenham multiformes papéis e super heróis invencíveis, produzidos em laboratório. Claro, tudo isso ficcional. Porém, a ideia é real: o homem é um escravo da tecnologia e nela depositou sua confiança; a máquina é nosso meio de vida e nossa cosmovisão [36].
Não é por acaso, então, que o mais destacado objeto tecnológico do filme, o Homem de Ferro com sua armadura, seja o responsável pela vitória sobre os Chitauri ao conduzir um poderoso míssil até a outra dimensão provocando uma terrível explosão.

2.2.4 Economismo

Também conhecido como capitalismo. Para Walsh & Middleton o economismo é, ao lado dos dois anteriores, outro ídolo (na verdade chamam de ídolo chefe) ou cosmovisão dominante de nosso tempo. Parece que essa é a cosmovisão mais destacada do nosso tempo e, especialmente, em solo americano (não é coincidência ser os Estados Unidos o país de origem dos criadores dos personagens, dos produtores do filme e dos empresários mais avarentos do planeta!). Realmente há um valor comunicado na obra. E, especialmente através do Homem de Ferro, a ideia de que o dinheiro e o status são essenciais, é transmitida. Perceba que ele mesmo se considera gênio, milionário, playboy e filantropo. Walsh & Middleton citam John Kenneth Galbraith que observou corretamente que “um padrão de vida ascendente tem o aspecto de uma fé em nossa cultura” e Ron Sider que afirmou: “o padrão de vida cada vez mais opulento é o deus da América do Norte do século 20 e o publicitário é seu profeta” [37].
Na primeira parte deste trabalho apresentei a motivação do Stan Lee ao criar o personagem. Tony Stark foi inspirado na vida e estilo de vida de um excêntrico milionário e inventor americano: Howard Hughes. Este americano viveu uma vida de excessos e namorou atrizes de Hollywood. Inventou aviões especiais e produziu armas para o exército norte americano. Uma perfeita descrição de Tony Stark.

2.2.5 Politeísmo

Há uma aparente contradição entre este tópico e o seguinte. Mas é apenas aparente. Justifico afirmando que a razão disso é o fato de “The Avengers” ter como protagonistas personagens com personalidades diferentes que se unem com um objetivo comum, mas nas suas multiformes cosmovisões serem particulares.
Esse politeísmo está explícito através de Thor e Loki, deuses do panteão nórdico, ou deuses teutônicos. O panteão nórdico tem origem na antiga mitologia germânica, comum a muitos povos do norte da Europa. Suas crenças e mitos foram passados de geração em geração através de poesias que eram recitadas oralmente, o que ocorreu durante toda a época viking. Muitas destas crenças foram registradas durante a Idade Média na Eddas, compilações literárias elaboradas em prosa ou poesia, que guardam grande parte da mitologia nórdica. Apesar de muitas destas historias e ritos haverem desaparecido com o tempo, em certas regiões rurais, certas tradições e lendas próprias deste antigo povo ainda são mantidas vivas[38].
Curiosamente os personagens dos quadrinhos, especialmente da Marvel Comics, são personagens religiosos. Um site da internet lista os variados personagens e suas respectivas religiões[39].
Thor, filho de Odín e de Jörd, esposo de Sif, é o deus do Trono e o mais importante de todos, depois de Odín, pois tinha influência nas colheitas, no clima, nas batalhas e até mesmo, na fertilidade. Era também um deus guerreiro e protetor, cujos traços característicos eram a força, o poder e a ira. Seu objeto mais importante era o martelo Mjolnir, criado por anões, o cinturão e as luvas. Quando roda seu martelo, o céu se escurece e raios surgem tornando Thor um deus a ser temido. Por outro lado, seu irmão Loki um símbolo da maldade, um traiçoeiro, de pouca confiança. Nestas histórias de panteões[40] há deuses bons e deuses maus. Loki é um destes exemplos maus ao passo que Thor é sua antítese. É, portanto, a batalha dos deuses estabelecida na Terra.
A meu ver, o politeísmo anda de mãos dadas e reforça a ideia de um dualismo em que duas forças divinas, uma boa e outra má, se enfrentam em uma batalha épica. Dentre os vingadores, temos dois (questionáveis) deuses.

2.2.6 Monoteísmo

Encerrei o tópico anterior dizendo que temos dois questionáveis deuses em “The Avengers”. Darei minhas razões. Primeiramente, quando recorremos aos quadrinhos, como foi feito anteriormente, temos algumas ocasiões em que Fury dialoga com Thor e não só questiona, mas duvida da sua divindade. Na verdade Nick Fury é um cético declarado que não crê em divindade alguma. Neste filme que é objeto da nossa análise, há um momento em que, opondo-se ao politeísmo, o monoteísmo também é declarado. Quem que tendo assistido ao filme, não se recorda do momento em que a Viúva Negra dialoga com o Capitão América, dizendo:
- “Eu ficaria aqui, Capitão. Esses caras são lendas; são praticamente deuses”.
Capitão América responde:
- “Só existe um Deus, e tenho certeza que ele não se veste assim”.
Há, portanto, um conflito entre a religiosidade germânica antiga e da parte oriental do planeta, em contraste com a religião monoteísta ocidental. E neste ponto o profeta do monoteísmo é o Capitão América, um soldado conservador, submisso, de um tempo passado, quando os Estados Unidos ainda zelava por uma religião conservadora.
O sentimento religioso é apregoado nesta produção, soando como um grito pela liberdade e tolerância: a necessidade diálogo, acordo e comunhão entre as variadas expressões religiosas em volta do globo terrestre com um propósito em comum.

2.2.7 Totalitarismo

Outra marca de uma cultura apóstata pode ser notada em “The Avengers”: o totalitarismo de Loki. Embora não tenha atingido seu objetivo de sujeitar o planeta e seus habitantes, na sua busca por isso, demonstrou um caráter altamente totalitário. Em um tom de líder totalitário “amoroso”, ordena aos humanos: 
-“Ajoelhem perante mim. Ajoelhem agora! Assim não é mais simples? Não é este o estado natural de vocês? É a verdade não dita da humanidade, a de que o anseio pela submissão, a atração pela liberdade diminui a alegria da vida de vocês em uma luta por poder, por identidade. Vocês foram feitos para serem dominados e no fim sei que se ajoelharão”.
O totalitarismo é um sistema político. Normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível.  “The Avengers” não é um filme que trata de um governo político. Então este totalitarismo não está ligado a um presidente, um governador, ou até mesmo ao presidente dos Estados Unidos, mas a Loki, um deus exilado de outra dimensão que busca com todas as forças dominar o planeta. O diálogo anterior mostra sua ambição. Seu discurso é opressor. Loki é um tirano enlouquecido que considera a liberdade uma diminuição da alegria.
Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder político através de uma propaganda abrangente divulgada através dos meios de comunicação controlados pelo Estado, um partido único que é muitas vezes marcado por culto de personalidade, o controle sobre a economia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância em massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado. Loki possui todas as “qualidades” essenciais de um líder totalitário.
Os vingadores reagem à obstinação do Loki e lutam para evitar que, com a ajuda do Chitauri, o planeta seja dominado. É interessante que, em dado momento, o Capitão América faz menção de algo que ocorreu anteriormente, em seu filme “O Primeiro Vingador” (2011):
“Sabe, a última vez que estive na Alemanha, eu vi um homem querendo se colocar acima dos outros. Não concordamos com isto” (uma referência ao regime totalitarista de Hitler, quando defendeu seu país na 2ª Guerra Mundial).

2.2.8 Existencialismo Pessimista

Uma cena que me chamou a atenção passa quase despercebida: o momento em que Hulk afirmou sua imortalidade. Disse que não pode morrer e que já tentou isso com tiro na boca. E eu pensei: o que o levaria Bruce Banner, o bem sucedido cientista, tentar tal coisa? O desespero.
Dr. Robert Bruce Banner foi atingido por raios gama enquanto salvava um adolescente durante o teste militar de uma bomba por ele desenvolvida. Agora, com dupla personalidade, luta contra sua raiva, uma vez que passou a surgir toda vez que o Dr. Banner ficava irritado e despertava em si seu lado mais selvagem.
É interessante que ao longo do tempo, a psique do Hulk passou a ser estudada e isso deixou claro que Bruce Banner já tinha problemas sérios antes de se tornar o Hulk. Bruce Banner era o filho do Dr. Brian Banner, um cientista atômico, e sua esposa Rebecca. Embora Rebecca amasse profundamente Bruce, que retribuiu o carinho, Brian odiava o filho. Alcoólatra, Brian Banner foi levado por um ciúme insano por Bruce, por ele ser objeto do amor de Rebeca. Além disso, Brian acreditava que seu trabalho com radiação tinha alterado o seu DNA e lhe deu um filho mutante. Ele finalmente assassinou Rebecca e foi colocado em um hospital psiquiátrico. Bruce, um grande e jovem intelectual, foi criado por sua tia, a senhora Drake, e internalizou sua grande dor e raiva sobre os sofrimentos de sua infância.
Mais tarde, quando trabalhou no Departamento de Defesa dos Estados Unidos, se apaixonou e veio a se casar com Betty, a filha do oficial da Força Aérea Americana General Ross. Betty acabou morrendo assassinada por um vilão inimigo conhecido como Abominável. Hulk, não sabendo da verdade, pensando ter envenenado a sua amada por radiação gama, passou a tentar suicídio, mas em todas as tentativas ele acabava se transformando segundos antes da morte. Tantas outras situações colaboraram para a formação do caráter de Hulk, tornando-o um homem frustrado[41].
O personagem do Bruce Banner transmite, ainda que rapidamente em “The Avengers”, outra marca de uma cultura apóstata conhecida por existencialismo, que se tornou conhecida pela escola de mesmo nome através dos escritos dos franceses Jean-Paul Sartre e Albert Camus, do suíço Karl Theodor Jaspers, e do alemão Martin Heidegger, mas vou me deter rapidamente no pensamento do suíço.
Jaspers é fundamentalmente um psicólogo e fala da uma “experiência final”, isto é, uma experiência de tal monta que lhe proporciona a certeza de que você existe e uma esperança de significado – embora, racionalmente, não lhe seja possível auferir tal esperança[42].
Lembro-me de ter assistindo alguns anos atrás dois filmes que tratam do problema do sofrimento sob pontos de vista diferentes. Primeiramente, uma adaptação da Magnum opus “La Peste” (A Peste) de Albert Camus para o cinema, que conta a história de trabalhadores que descobrem a solidariedade em meio a uma peste que assola a cidade de Oran na Argélia. Questiona diversos assuntos relacionados a natureza do destino e da condição humana. Os personagens da obra ajudam a mostrar os efeitos que o flagelo causa na sociedade. Neste filme, Godot é uma caracterização de God (Deus). Um personagem que “se faz de Deus” e brinca com as pessoas. Diz de si mesmo ser o anjo da peste. É um homem louco! A mensagem da Igreja Católica em face do sofrimento é que a peste é um resultado do juízo de Deus sobre homens pecadores. Diante disso tudo, a trama apresenta dois personagens coerentes com o enredo e a filosofia existencialista, a saber: um padre e um garoto que suicidam. A única forma de fugir do sofrimento avassalador é o suicídio. Por isso concordo com Schaeffer: “Quão desesperadora é a esperança fundamentada apenas nesta experiência final” [43] proposta por Jaspers. Para um existencialista, assevera Van Til, ”não há referente final além do homem, não há intérprete final da realidade a não ser o homem. Essa é a situação do existencialista: ele está perdido dentro de seu mundo. Essa é a causa da (sua) sensação de desespero e da falta de significado” [44].
O outro filme de que falei é “Terra das Sombras” que retrata a vida de um notável cristão, C. S. Lewis, que experimenta o sofrimento, mas o encara como pedagógico, ou seja, “o sofrimento é o megafone de Deus para um mundo surdo”, e este sofrimento não pode ser explicado empiricamente; ele só pode ser experimentado vivencialmente. Nem sempre é possível saber a razão do sofrimento, mas é possível portar-se diante dele de modo subalterno.
Em face disso, o personagem de Banner, através de uma frase curta, expressa seu desespero que traduz um existencialismo pessimista que o leva a atentar contra a própria vida numa tentativa de fuga do sofrimento.

2.2.9 Humanismo

Finalmente, outra marca de uma cultura apóstata pode ser notada em “The Avengers”: o humanismo. Em alguma medida o filme transmite um conceito humanista. De acordo com Walsh e Middleton, “na cosmovisão secular encontramos a surpreendente crença de que o homem realmente é a medida de todas as coisas, e que a tarefa de desenvolvimento cultural é, portanto, autodirecionada, padronizada por nossa própria racionalidade autônoma” [45].  Isso decorre do fato do Ocidente não reconhecer o homem como imagem de Deus, não admitindo sua dependência do Criador. Desde o Renascimento a humanidade tem se deificado e, consequentemente, destronado Deus.
Isso justifica a razão de os vingadores serem super heróis (humanos dotados de poderes) ou um deus (Thor) que sozinho nada pode fazer. Além do mais, a inteligência que reuniu os vingadores é humana. As armas que podem destruir a humanidade ou impedir que ela seja destruída são reproduzidas em laboratório; não são divinas. Pessoas comuns que dominam as várias áreas do conhecimento se tornam poderosas e autossuficientes.
Com isso, nos reportamos ao humanismo como uma declaração de independência de Deus. Ele não é mais necessário para socorrer o homem fragilizado, afinal, com o domínio do conhecimento, da natureza e da tecnologia, a humanidade pode se guardar de todo e qualquer conflito. Penso que a frase de Nick Kury colabora com nosso pensamento: “Guerra não se ganha com sentimentos, mas com soldados”. Todo sentimento, inclusive o religioso, é desnecessário e inútil.

III MOMENTOS DE VERDADE

Ao observar o enredo e o fluxo da história em “The Avengers” é possível perceber alguns momentos de verdade, a despeito das visões de mundo veiculadas pelo filme.

Justiça, Vingança e Salvação.

Não é por acaso que o filme é intitulado “The Avengers” (“Os Vingadores” em português). A tônica é que no final, mais cedo ou mais tarde, o mal será vingado e a justiça prevalecerá.
Ainda que não haja uma batalha dualista entre Deus e Satanás ou entre o bem e o mal, haverá finalmente uma vingança do Criador sobre as criaturas rebeldes. Yahweh se apresenta nas Escrituras como o Deus vingador: “A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar” (Dt 32.35). Ainda diz: “tomarei vingança contra os meus adversários e retribuirei aos que me odeiam” (Dt 32.41). O profeta Jeremias descreveu a vingança do Senhor contra os seus inimigos: “Porque este dia é o Dia do Senhor, o SENHOR dos Exércitos, dia de vingança contra os seus adversários; a espada devorará, fartar-se-á e se embriagará com o sangue deles; porque o Senhor, o SENHOR dos Exércitos tem um sacrifício na terra do Norte, junto ao rio Eufrates” (Jr 46.10). No Novo Testamento o apóstolo Paulo bem como o autor da epístola aos Hebreus relembram as palavras do Senhor ditas por intermédio de Moisés (Rm 12.19; Hb 10.30).
O povo de Deus aguarda com expectativa o dia da redenção final quando Deus vingará de uma vez por todas todo mal e manifestará cabalmente a sua justiça. Quando tratou das partes que serão julgadas neste dia, Louis Berkhof afirmou: “A Escritura contém claras indicações de pelo menos duas partes serão julgadas. É mais evidente que os anjos decaídos comparecerão perante o tribunal de Deus, Mt 8.29; 1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6. Satanás e seus demônios verão sua ruína final no dia do juízo. Também se vê com toda a clareza que todos os indivíduos da raça humana terão que comparecer às barras da justiça, Sl 50.4-6; Ec 12.14; Mt 12.36, 37; 25.32; Rm 14.10; 2 Co 5.10; Ap 20.12” [46].
Quando Nick Fury justifica o uso do Tesseract para produção de armas de destruição em massa dizendo: “o mundo está se enchendo de gente que não pode ser superada e nem controlada”. Ainda que não concorde com a segunda parte da sua afirmação, concordo com a primeira: realmente o mundo tem se enchido da perversidade de seres hostis. Contudo, faço coro com o Dr. Heber Carlos de Campos, quando diz que “a manifestação final da ira de Deus está reservada para o último dia que é o dia da vingança do nosso Deus. A sua justiça será vista de maneira plena na vida de todos os seres pecaminosos, tanto anjos como homens” [47].
Outro momento de verdade subjacente a este, é que os homens (eleitos) precisam de salvação. Precisam ser salvos da presença, do poder e dos efeitos do mal. Somente alguém extremamente poderoso pode efetivamente salvá-los, portanto. Isso acontece através Cristo Jesus, não um super herói, mas o verdadeiro e poderoso Salvador, o prometido desde o princípio, quando ainda no Éden, Deus afirmou que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente, consumando a salvação, livrando a humanidade escolhida em Cristo, dos horrores da própria vingança e justiça de Deus.
É impressionante como as produções humanas, mesmo aquelas de produtores ímpios, comunicam verdades escriturísticas!

IV CRIAÇÃO-QUEDA-REDENÇÃO

Sabe-se que toda e qualquer análise teorreferente das produções culturais humanas, “precisa, necessariamente, partir do tema central das Escrituras, e que elas estruturaram, de forma integral, nossa cosmovisão cristã, a tríade Criação-Queda-Redenção”.[48] Discorrendo especificamente sobre os filmes produzidos, Godawa afirma que, “a narrativa de histórias nos filmes resume-se à redenção, isto é, à recuperação de algo perdido ou obtenção de algo necessário”. [49] Em “The Avengers”, desde o início, fica claro que o elemento central é o triunfo do bem sobre o mal conferindo liberdade das forças malignas.
Um estágio anterior à “queda” em “The Avengers”, portanto, aquilo que diz respeito ao conceito de criação, é a existência pacífica no planeta, sem qualquer coisa que ameace o bem estar e segurança dos humanos.
Mas sem muita cerimônia o vilão surge em cena destilando sua maldade e aspirações perversas. Um personagem louco que externa seus distúrbios internos. Seu prazer é subjugar os humanos e retirar deles a liberdade. Acerca dos devaneios como os de Loki, Albert Woters diz: “Talvez menos óbvias sejam as violações como os distúrbios emocionais e as doenças mentais; estas também são distorções das funções humanas e participam do gemido da criação” [50]. Fazem, portanto, parte das expressões da queda presentes na cultura. Woters completa: “Qualquer coisa que experimentamos como antinormativo, mau, distorcido ou doentio, aí encontramos a perversão da boa criação de Deus” [51]
A proposta de redenção do filme é restaurar a paz, vencer o mal e permitir que a humanidade desfrute de perfeita liberdade. Isso é conquistado de forma épica quando Loki é entregue a seu irmão Thor que o leva de volta ao seu lugar de origem, sendo banido da Terra.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que Deus criou o homem e o dotou com capacidades culturais. Todavia, após a queda o desenvolvimento cultural passou a sofrer os efeitos de uma cultura apóstata, servindo ao homem em lugar do Criador. Assim sendo, é preciso considerar o potencial inerente dos filmes de influenciar e, ao mesmo tempo, dar expressão ao modo de pensar da sociedade.
The Avengers” é um filme com uma capacidade extraordinária de entreter e transmitir valores. Aqueles que gostam do gênero desta produção são beneficiados com a qualidade do filme. Embora o final seja previsível, (afinal, o bem sempre vence o mal em histórias de super heróis), alguns conceitos transmitidos de forma muito discreta devem ser considerados atentamente. Com a ajuda de uma cosmovisão teorreferente, é possível identificar esses estes elementos e tirar proveito do entretenimento que o filme oferece.
Portanto, é necessário que, em primeiro lugar, os cristãos tenham muito cuidado em seu envolvimento com a cultura corrente. Uma boa dose de equilíbrio e cautela não faz mal a ninguém. Posturas extremadas como o isolacionismo cultural e o imersionismo cultural acrítico devem ser evitadas, pois são extremamente danosas. Ademais, os cristãos devem possuir a consciência da importância de serem vozes ativas na produção e na promoção da cultura. Nosso desafio é transformar a cultura apóstata em uma cultura redimida. Lutemos, portanto, com toda intrepidez com o fim de promover a glória de Deus.
Soli Deo Gloria!




[1] FERRO, Marc. O Filme: uma contra-análise da sociedade. In: LE GOFF, J., e NORA, P. História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. p. 203.
[2] SCHAEFFER, Francis A. Como Viveremos?. São Paulo: Cultura Cristã, p. 142.
[3] Ibidem.
[4]  ROOKMAAKER, H. R. A Arte não Precisa de Justificativa. Viçosa: Ultimato, 2010. p. 53.
[5] Essa é a opinião, por exemplo, de Fábio M. Barreto (@soshollywood) em:
http://www.brainstorm9.com.br/29672/entretenimento/os-vingadores-nerds-vencemos-a-batalha-o-mundo-e-nosso/. Acessado em 11/12/2012.
[6] Em português A Era de Ouro da banda desenhada foi um período na história da banda desenhada (história em quadrinhos) norte-americana (chamada de comics), geralmente situado entre 1938 e meados dos anos 50 do século XX, durante o qual o estilo obteve grande popularidade. Nesse período foi inventado e definido o gênero dos super-heróis, com a estreia de alguns de personagens dos mais conhecidos do gênero.
[7] Abreviatura da expressão inglesa situation comedy ("comédia de situação", numa tradução livre), é um estrangeirismo usado para designar uma série de televisão com personagens comuns onde existem uma ou mais histórias de humor encenadas em ambientes comuns como família, grupo de amigos, local de trabalho. Em geral são gravados em frente de uma plateia ao vivo e caracterizados pelos "sacos de risadas", embora isso não seja uma regra.
[8] http://kdfrases.com/autor/joss-whedon.
[9]  Ibidem.
[10] Ibidem.
[11] http://www.comicbookreligion.com/?c=1351&Stan_Lee (Acessado em 02/01/2013).
[12] http://www.comicbookreligion.com/?c=25928&Jack_Kirby (Acessado em 02/01/2013).
[13] http://www.adorocinema.com/filmes/filme-136557/. Acessado em 12/01/2013.
[14] Hitler encontrou Schmidt quando este trabalhava como camareiro em um motel onde o líder nazista se hospedou. Hitler o treinou pessoalmente, oferecendo ao final do processo uma mascara vermelha no formato de um crânio e o nome que carrega até hoje (símbolo da supremacia nazista). No final da guerra o Capitão América localizou sua casamata oculta, e durante a batalha que se segue o vilão fica preso em um desabamento, sendo atingido por uma mistura de gases que vaza da parede, ficando preservado em animação suspensa, dando-lhe algumas capacidades sobre-humanas.
[15]  Massachusetts Institute of Technology.
[16] http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_de_Ferro.
[17] Algumas informações sobre Thor: “Na mitologia nórdica, Thor (nórdico antigo: Þórr) é o deus que empunha o martelo Mjolnir, está associado aos trovões, relâmpagos, tempestades, árvores de carvalho, força, proteção da humanidade e também a santificação, cura e fertilidade. Decorrente da religião protoindo-europeia, Thor é um deus destacado em toda a história registrada dos povos germânicos, a partir da ocupação romana de regiões da Germânia, para as expansões tribais do período de migração, a sua alta popularidade durante a Era Viking. Dentro do período moderno, Thor continuou a ser reconhecido no folclore rural de todas as regiões germânicas. É filho de Odin (o deus supremo de Asgard) e Jord (a deusa de Midgard)” - (Fonte: Wikipédia).
[18] http://omelete.uol.com.br/thor/. Acessado em 14/01/2013.
[19] Para conhecer a “religião” de alguns personagens, acesse: http://www.comicbookreligion.com/?Religion=Norse/Teutonic_paganism.
[20] É a versão germânica em alemão clássico para Odin, na parte ocidental da Europa. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wotan).
[21] Região do porto de New York e New Jersey, também chamado de New York Harbor. É conhecido mundialmente por ser este o ponto turístico onde se encontra a Estátua da Liberdade.
[22]  The Ultimates: contra todos os inimigos (2007), pp. 38-39. Escrito por Alex Irvine.
Para conhecer um pouco mais a incredulidade de Nick Fury, acesse: http://www.comicbookreligion.com/?c=18&Nick_Fury
[23] Cf. http://en.wikipedia.org/wiki/Phil_Coulson.
[24] http://pt.wikipedia.org/wiki/S.H.I.E.L.D
[25] GODAWA, Brian. Cinema e Fé Cristã: vendo filmes com sabedoria e discernimento. Viçosa: Ultimato, 2004. p. 47.
[26]  No teatro grego, o protagonista foi introduzido por Ésquilo, que foi o primeiro a colocar dois atores representando papéis opostos e dialogando; antes, Téspis de Ática havia introduzido um ator nas peças teatrais (Fonte: Wikipédia).
[27] SCHAEFFER, Francis A. Como Viveremos?. São Paulo: Cultura Cristã, p. 11, 12.
[28] GODAWA. Cinema e Fé Cristã, p. 25.
[29] WALSH, Brian J. & MIDDLETON, J. Richard. A Visão Transformadora, p. 83.
[30] Cf. http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/dualismo.html. Acessado em 15/01/2013.
[31] VAN TIL, Henry R. O Conceito Calvinista de Cultura, p. 212.
[32] DE CAMPOS, Heber Carlos. O Ser de Deus, p. 86.
[33] Cf. WALSH & MIDDLETON, op. cit., p. 104.
[34] Ibid., p. 114.
[35] Ibid., p. 115.
[36] Jeremy Rifkin em “A Visão Transformadora” (WALSH & MIDDLETON, op. cit., p. 115).
[37] WALSH & MIDDLETON, op. cit., p. 119.
[38] http://www.seuhistory.com/deuses/panteao/nordico.html, acessado em 05/01/2013.
[39] http://www.comicbookreligion.com/
[40] Para conhecer alguns, acesse http://www.seuhistory.com e visite a seção “panteões”.
[41] As informações foram coletadas em variados sites da rede e podem ser encontradas em sites especializados em quadrinhos.
[42] Cf. Francis Schaeffer em “A Morte da Razão”, p. 23.
[43] SCHAEFFER, Francis A. A Morte da Razão, p.23.
[44] VAN TIL, Henry R. O Conceito Calvinista de Cultura, p. 208.
[45] WALSH, Brian J. & MIDDLETON, J. Richard. A Visão Transformadora, p. 110.
[46] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 674.
[47] DE CAMPOS, Heber Carlos. O Ser de Deus, p. 358.
[48] OLIVEIRA, Fabiano de Almeida. Cosmovisão Reformada: pensando e interpretando a realidade à luz de princípios Teo-referentes. Apostila de curso. São Paulo, 2010.
[49] GODAWA. Cinema e Fé Cristã, p. 15.
[50] WOTERS, Albert M. A Criação Restaurada, p. 65.
[51] WOTERS, Albert M. A Criação Restaurada, p. 65.